quarta-feira, março 07, 2007

Inércia!?

Chame-me de louco

Encha meu copo

Acenda meu cigarro

E não me deixe andar só por ruas

Que sempre terminam em lugar algum

De um lugar qualquer

Um lugar comum

Chame-me de louco

Guie-me por avenidas lotadas

De pessoas que não vão, não vêm

Permanecem inertes

No torpor diário dos carburadores

De vozes tresloucadas

Que nada dizem

Chame-me de louco

Neste precipício em que estou

Alheio ao tempo

Ao temporal fustigante

Às suas investidas cruéis

De me fazer curvar

Diante as curvas da cidade

Chame-me de louco

Acenda mais um cigarro

Encha novamente meu copo

Senta ao meu lado

Bata-me com as mãos nuas

Faça-me sangrar

Como o louco que eu sou

Chame-me de louco

E deixe-me com meus vícios

Meus pensamentos

Em praças lotadas de esquecimento

De mentes

Que amaldiçoam o sol, o chão, o concreto, o asfalto

Sufocadas em nuvens cinzentas

Louco?

Estes que passam, nada vêem

Estes que voltam, nada viram

Estes que permanecem, são cegos

Lutar pra quê?

Encha meu copo

Acenda meu cigarro