domingo, agosto 20, 2006
Eu queria morar em Beverly Hills (nem a pau)
As vezes eu acordo me sentindo um lixo humano, um motherfucker ducaralho. Maldita ressaca estroboscópica, vai se meter no cu de um jumento no interior da porra do sertão, e não atormente minha maculada existência nesse puto mundo de deus. Nesses dias não há verdadeiramente uma escolha, só o arrastar dos pés pela porcaria do apartamento, um olhar convulsivo no espelho quebrado, falta até coragem de fazer a barba, porra, a vida devia ser mais leve, não esse pesar constante, essa tonelada de peso morto sobre a minha cabeça, maldito uísque falsificado. O mundo anda doente, com câncer de próstata e milhões de hemorróidas no cu, um velho moribundo, ressentido e amargo, xingando deus, o diabo, o homem e o que se foda. Esse monstro doente sempre escarra no meu rosto, sempre me lembrando do próprio gosto acre do maldito. Maldito. Não se respeita os velhos valores, quando Baco ainda andava entre nós, oferecendo orgias espetaculares e vinhos até não poder, não, o respeito foi pelo ralo, se falsifica o uísque, uma blasfêmia. O mundo moderno, ou pós-moderno, ou seja lá o que as malditas convenções humanas chamem, esse mundo aos pedaços oferece álcool sem qualidade para seus filhos sedentos. Justiça seja feita, é verdade, há lugares em que nem isso se tem, então, qual a escapatória? faremos a guerra, caralho, isso sim é que é fuga, miolos espalhados na terra e carne queimada. Bem, agora uma cerveja, amiga infalível, e Beverly Hills que se foda.
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